25 de novembro de 2009

Para reflectir


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O sujeito poético, em contraponto com a ideologia constante do poema épico:
  • Não é herói: é simplesmente um homem, um anti-herói, para quem o mar e a guerra são locais de provação e não de exaltação de coragem: "Agora o mar, agora experimentando/Os perigos Mavórcios inumanos"(est. 79);
  • Nada lhe é dado nem reconhecido, em termos de recompensa, como acontece com os heróis: "A troco dos descansos que esperava/ Das capelas de louro que me honrassem/ Trabalhos nunca usados me inventaram"(est. 81);
  • É votado ao esquecimento, ao contrário da imortalidade com que coroa os seus heróis: "tamanhas misérias", "em tão duro estado me deitaram"(est. 81).

"Mísera sorte, estranha condição!"(Canto IV, est. 104) -- palavras anteriormente proferidas pelo Velho do Restelo, a propósito da desmedida ambição humana e que aqui se adequam ao estado de espírito amargo e desiludido do sujeito poético.


.Fotografia de ilustração de Os Lusíadas do saudoso amigo e colega Arqt. Eduardo Bairrada
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