30 de março de 2010

Teatro: Rei Édipo


Teatro Nacional, D. Maria II


No dia 28 de Março, fomos assistir à última representação de O Rei Édipo.


(Quando começarmos as aulas, comentaremos as nossas impressões).


Boas Férias!

23 de março de 2010

Continua a celebrar-se a Poesia


VERSO SOLTO

Oh verso que te chamam solto,
Se solto és porque te agarras,
Te agarras nas mais firmes palavras?

O teu desejo é compor uma estrofe,
Mas se solto queres ser
Como poderás a um poema pertencer?

Quem me dera ser solto como tu
E de um poema fazer parte
E encher um coração que se reparte.

Talvez um dia deixes de ser solto
E rimes com outro verso
E nesse dia passes a ser completo.

Da Marta, 12ºB



21 de março de 2010

Dia Mundial da Poesia



-O Caderno Vazio-



Oh LETRA que estás sozinha,
Nessa primeira linha, 
Deste caderno vazio!

Agora, PALAVRA unificada,
mede apenas uma polegada, 
No meu caderno vazio

Aquela palavra já era.
Porque agora um VERSO impera.
Dentro do caderno vazio!


Continuou a aumentar
Com ESTROFES a multiplicar
A encher o caderno vazio.

Na folha foi aparecendo
Um POEMA que ia crescendo.
No caderno outrora vazio!

E assim poema acabado
O caderno tem de ser arrumado
Ao lado dos livros de Sophia,
É dia... Mundial da Poesia.

 Do João Vale, 12º B


14 de março de 2010

Fernando Pessoa, ortónimo: Fingir e Sentir


Fernando Pessoa, ortónimo:

Assim se identifica a poesia que Fernando Pessoa escreveu e que assina com o seu próprio nome. No entanto, podemos encontrar várias correntes ou tendências/ influências nesta sua poesia.


(Foto da web)

Deixo aqui a indicação de dois sites que recomendo e por onde poderão estudar:



10 de março de 2010

Álvaro de Campos: o Poeta Excessivo


Álvaro de Campos é um engenheiro de máquinas: "À dolorosa luz das lâmpadas eléctricas tenho febre e escrevo...".


 (Fotografia da Brasileira do Chiado)

1. Fase Futurista: 

Faz o elogio da civilização industrial e da técnica, das máquinas: -“Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno!”. Entra em ruptura com o lirismo tradicional  de índole subjectiva. Pretende, de um modo excessivo, fazer a exaltação das máquinas, do Futuro, da civilização moderna, porque é com ela que se  atingirá a perfeição.
E o excesso é sensacionista, excesso de sensações:
"Sentir tudo de  todas as maneiras", de tal forma sentido que conduz a uma espécie de vertigem, em que já não se distingue o sofrimento do bem estar: “Rasgar-me todo, abrir-me completamente,/ tornar-me passento/ A todos os perfumes de óleos e calores e carvões...”. (in Ode Triunfal)


2. Fase Pessimista:


Os seus poemas exprimem uma profunda abulia, um tédio, um mal-de-vivre, a que o sujeito poético chama "cansaço", um "supremíssimo cansaço" e cuja causa ele não consegue identificar: "Não disto nem daquilo,/ Nem sequer de tudo ou de nada...". Essa abulia chega mesmo a exprimir-se como náusea:- "Que náusea de vida!" (in Dactilografia).
Neste momento, vive uma espécie de caos interior, que lhe provoca um profundo sofrimento:- "A minha alma partiu-se como um vaso vazio", uma fragmentação do eu:- "Sou um espalhamento de cacos sobre um capacho por sacudir". (in Apontamento).
Além disso, há a expressão de uma incompatibilidade entre a sua própria realidade e a realidade dos outros:- " Não: não quero nada./ Já disse que não quero nada." (in Lisbon revisited); uma recusa em viver o quotidiano que supostamente lhe querem impor, que resulta numa solidão existencial irremediável e procurada:- " Traço sozinho, no meu cubículo de engenheiro, o plano,/ Firmo o projecto, aqui isolado.(in Dactilografia).
O seu único refúgio é a evocação de uma memória de infância, vivida ou sonhada como um tempo de felicidade irrecuperável, uma espécie de  paraíso perdido, que ele recorda com nostalgia:- "No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,/ Eu era feliz e ninguém estava morto".( in Aniversário).

Linguagem e Estilo:

Exprimem o caos interior e o excesso, através de enumerações, repetições, anáforas, onomatopeias, aliterações: "Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r eterno!" (in Ode Triunfal). Também o recurso a uma pontuação eufórica: exclamações, interrogações, apóstrofes, interjeições.
Para exprimir os seus estados de espírito "surpreendentes", usa metáforas, comparações: "Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!" (in Aniversário); para a expressão dos conflitos interiores, usa a antítese e/ou o paradoxo: "Nem sequer de tudo ou de nada:" (in Cansaço).

A forma é, igualmente, caótica: estrofes com número de versos variável, ora muito longas ora brevíssimas; os versos, do mesmo modo, têm um número variável de sílabas métricas, de acordo com o seu ritmo interior; não usa rima: verso branco.



9 de março de 2010

Ricardo Reis: o Poeta da Serenidade Racional



Ricardo Reis é o heterónimo que teve uma formação clássica  e isso reflecte-se na sua poesia, nommeadamente, através das  filosofias que procura transpor para a vida: o Estoicismo e o Hedonismo.


( serigrafia de Osório)

Os Deuses, o Destino, o Fatum (Fado) provavelmente divertem-se  com o sofrimento que o Homem  vive no seu quotidiano, até porque não lhe é concedido conhecer o futuro:  a morte nunca sabe quando  chegará.
A única maneira, estóica, que o Homem tem de se libertar destas limitações e do divertimento dos Deuses, é não criar laços afectivos: se não se ligar a ninguém, quando morrer, ninguém vai lamentar ou sofrer com a sua morte e, por outro lado, ele próprio não sofrerá com a perda de alguém. É uma imperturbabilidade de desafio ao Destino.

"Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças."

Por outro lado, adopta uma atitude filosófica epicurista: viver o momento, o presente, como  se fosse o último e o único, carpe  diem, fingindo (sempre o fingimento!!) que não se preocupa com o futuro, desfrutando dos prazeres calmos e serenos, mas intensos -"Nada se sabe, tudo se imagina./Circunda-te de rosas, ama, bebe/ E cala. O mais é nada."- desse momento irrecuperável, porque não se repetirá:

"Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa.(...)"

A linguagem e o estilo:

A linguagem e o estilo são eruditos, de acordo com as influências clássicas.
-A construção da frase é requintada, com o uso de muitas inversões da ordem das palavras na frase: anástrofes e hipérbatos: "essas volucres, amo, Lídia, rosas".
-Uma das figuras de estilo mais utilizadas é o eufemismo, porque parece que o sujeito poético quer suavizar a realidade crua: "se for sombra antes..." (=morrer).
Usa também a antítese e paradoxo: "nem cumpre o que deseja[o destino]/ nem deseja o que cumpre..."; a personificação, principalmente  relacionada com o Destino.

A forma: poemas com uma estrutura regular, estrofes com o mesmo número de versos, versos de 10/6 sílabas métricas(podem variar); não usa a rima, verso branco.-
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8 de março de 2010

Morreu Jovem...


Um breve intermezzo pessoal,
com a minha sentida homenagem e a saudade pelo Zé!(1946-2010)

(Tão cedo passa tudo quanto passa!
Morre tão jovem ante os deuses quanto
       Morre! Tudo é tão pouco!
  [...]
                                                -Ricardo Reis-)



(Desenho, Agosto de 1992)




(Excerto de um poema, no dia 21 de Julho de 1991)
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7 de março de 2010

Alberto Caeiro: Sou um Guardador de Rebanhos

 Temática:

Poeta da Natureza e da simplicidade, é o "Mestre", porque só com simplicidade, sem filosofia e sem abstracções se pode apreender o que nos circunda. Daí que todos, inclusivamente os restantes heterónimos, devam imitar Alberto Caeiro.


 (fotografia da minha autoria, Coruche)

Apresenta-se como um "guardador de rebanhos" e o seu rebanho é as suas sensações". É com os sentidos que apreende a realidade que o circunda: - "eu não tenho filosofia: tenho sentidos..."(sensacionismo).

"Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos 
E os meus pensamentos são todos sensações. 
Penso com os olhos e com os ouvidos 
E com as mãos e os pés 
E com o nariz e a boca. "

Rejeita a filosofia, a metafísica, as ciências, em suma, tudo o que apenas serve para deturpar a realidade, a Natureza, tão simples, mas perfeita e, por isso mesmo divina (panteísmo): “Mas se Deus é as árvores e as flores/ E os montes e o luar e o sol,/ Para que lhe chamo eu Deus?”

Linguagem, estilo e forma:

A linguagem e estilo são simples, quase infantis: polissíndetos, anáforas, paralelismos;
-Uso de silogismos(para fingir que não pensa é preciso pensar...): "mas se Deus é as árvores e as plantas... porque lhe chamo eu Deus? chamo-lhe árvores...";
-Sinestesias: mistura de sensações;
-Comparações e metáforas: "Para mim pensar nisso é fechar os olhos/E não pensar. É correr as cortinas/ Da minha janela..."

As estrofes têm um número variável de versos, a métrica também é variável e não usa rima: verso branco: "Não me importo com as rimas. Raras vezes /Há duas árvores iguais, uma ao lado da outra."

2 de março de 2010

O Rosto e as Máscaras: Fernando Pessoa e Heterónimos



David Mourão-Ferreira disse da criação heteronímica  de Fernando Pessoa que " a arte de ser, a arte de sentir, a arte de viver é sempre assumida como uma espécie  de 'máscara'; e, quanto  aos  figurantes que as ostentam, eles dão-nos ao mesmo tempo, a  sensação de falar cada um para seu lado e de estarem continuamente a responder uns  aos outros."

in O Rosto  e as Máscaras

E Fernando Pessoa, na carta que  escreve a Adolfo Casais Monteiro, caracteriza assim os seus heterónimos (principais):

"Pus no Caeiro todo o meu poder de despersonalização dramática, pus em Ricardo Reis toda a minha disciplina mental, vestida da música que lhe é própria, pus em Álvaro de Campos toda a emoção que não dou nem a mim nem à vida". (sublinhados meus)

(fotografia da minha autoria)