24 de janeiro de 2010

A Mensagem: História e Mito, Deus e o Homem



"O mito é nada que é tudo".


É com estas palavras, aparentemente paradoxais (Ulisses) que Fernando Pessoa apresenta a sua visão dos Heróis portugueses e de um Portugal, simultaneamente histórico e mítico. 
Um mito baseia-se numa realidade, mas constrói-se de sonhos. A quem compete concretizar esses sonhos? "preencher" de tudo o que é nada? Aos Heróis, àqueles que foram os eleitos de um Deus que "quis" que fossem os Portugueses a realizar, a cumprir esse Sonho, materializá-lo em termos de Império: "Deus quis, o Homem sonha, a Obra nasce." (O Infante).
Portugal teve uma origem mítica, os seus reis e outros heróis "limitaram-se" a cumprir a Vontade de Deus: Afonso Henriques que venceu os infiéis; D. Dinis que mandou plantar os pinhais de Leiria para que houvesse madeira para construir as naus ("o plantador de naus a haver"); D. Sebastião, que protagoniza o Sonho do Homem que ultrapassa a sua condição de "besta sadia", pela "Loucura", uma espécie de dimensão visionária do Homem. 
Os sacrifícios serão imensos: "Ó mar salgado, quanto do teu sal/ são lágrimas de Portugal" (Mar Português). Mas ninguém é Herói se não ultrapassar as "provas", os obstáculos que permitirão que, posteriormente, tal como os marinheiros de Os Lusíadas tiveram como prémio o Amor das Ninfas, obtenham, na Mensagem, a recompensa de "Os beijos merecidos da Verdade" ( Horizonte).                                                         
 Desenho do João do 12ºB


Os Portugueses foram "sagrados" por Deus e, mesmo sabendo que "o Império se desfez" (Infante), há que romper o Nevoeiro que apenas encobre o que se há-de revelar! uma perspectiva de Império, o Quinto Império, que será português, "a Distância/ Do mar ou outra, mas que seja nossa!" (Prece). Alguém virá reencarnar a "loucura" de D. Sebastião, o Encoberto, o Desejado: "Quem vem viver a verdade/Que morreu D. Sebastião?" (O Quinto Império). 
E neste momento de "entristecimento", de "nevoeiro", de decadência de Portugal, há que não esquecer que, em qualquer momento, pode ser a "Hora"! (Nevoeiro).
O Sebastianismo messiânico de quem espera uma redenção futura faz-se através de um apelo profético de quem não deixa de acreditar no poder das forças ocultas do Homem Português, na sua "sagração" por Deus, na sua ânsia de "loucura"


(Da minha autoria)

2 comentários:

  1. Muito bom! Estou feliz por ter lido e entendido. Vejo que farei uma boa prova amanhã. Parabéns!

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  2. Que corra bem, seja que prova for!!

    MC

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